domingo, 5 de junho de 2011

O fazer artístico

Hoje falarei sobre um assunto muito precioso para mim que é o fazer artístico. Acredito que este tópico mostrará a diferença entre o verdadeiro artista e o artesão.
Deixo claro que não me refiro aos artesãos, de ofício que são os guardadores do grande conhecimento do ofício de seus antepassados, assim como dos materiais por eles utilizados como o uso de metais, pedras, olaria, couro, vidro, madeira, resinas, minerais diversos usados no preparo de  diversos tipos tintas, assim como, dos conhecedores de materiais modernos com os derivados de petróleo (plásticos, acrílicos, silicones, dentro outros).
Me refiro àqueles que simplesmente fazem uma arte mediócre, vendável, repetitiva, copiada de outros artesãos sérios, sem nenhum compromisso com o fazer artístico e que se intitulam muitas vezes de artistas.
Fazer ARTE é algo muito profundo e que exige do artista um grande conhecimento das matérias primas que servirão de suporte para a obra de arte, assim como os artesãos de oficio, precisam entender e respeitar as normas dos materiais que serão usados e transformá-los com sabedoria, audácia e coragem de arriscar a experimentar. Junto a tudo isto o artista coloca a sua alma com todos os seus anseios, sua angustias, alegrias tristezas, esperanças e dores, porque é com elas que a Obra de Arte se alicerça, como as bases de uma construção sólida e harmônica. É nessa harmonia que procuro me colocar, buscando no meu interior a minha força vital e criativa.
Acredito que todos nós, seres humanos, somos um caleidoscópio de imagens, sons, cheiros, sentimentos diversos e lembranças que nos tocam profundamente. Quando treinamos os nossos sentidos e, principalmente, a nossa motricidade fina com os mais variados trabalhos manuais que fazemos no decorrer de nossas vidas, até mesmo aqueles enfadonhos como: as atividades domésticas, as atividades que aprendemos nas escolas de freiras (arte costura, bordado, croché, tricô, culinária, pinturas especiais, colagem e recortes) ou tudo quilo que a maioria das pessoas acha CHATO, nós guardamos em nosso inconsciente e todas estas manualidades ficam prontas para serem resgatadas na primeira oportunidade.
Quero dizer que tudo isto faz parte do meu dia dia e que procuro me envolver harmoniosamente e honestamente comigo mesma para produzir o meu trabalho artístico. É uma necessidade vital que me empurra constantemente para ele todos os dias, mesmo que não possa executá-lo, devido os outros afazeres domésticos, mas fica retido no meu pensamento até o momento em que voltarei para as minhas peças que literalmente me chamam para serem feitas.
A minha maior preocupação é com o FAZER Artístico, a venda vem muito depois, ela é simplesmente decorrente. Também não gosto de encomendas porque tolhem a minha criatividade, pois todo o meu trabalho é sequencial, não faço repetições, gosto de utilizar a vitrificação ou esmaltação nas peças que é um mundo vastíssimo de grande sabedoria e beleza.
Enfim, este é o meu entender do fazer Artístico, que envolve os meus dias com o trabalho constante no meu atelier que vai da feitura das massas cerâmicas e esmaltes, esmaltação das peças, queimas variadas e ministro aulas onde abordo todos estes itens.   
 Quero com este texto homenagear um grande amigo artista plástico, ceramista, pintor, escultor que sempre me honrou com a sua simplicidade e sabedoria do FAZER ARÍSTICO que é Miguel dos Santos.   

3 comentários:

  1. Muito interessante este tema. Certa vez quis explicar para uns colegas que aquilo que os hippies fazem na praia não é arte, é artesanato, pois todas as peças (sejam pinturas, esculturas com durepox ou com arame) são sempre iguais, com pequenas diferenças entre sí!Ou seja, o cara aprende a fazer algum destes itens e sai repetindo aos milhares. Podem reparar que eles executam seu oficio enquanto conversam, cuidam dos meninos que correm pelo calçadão ou atendem os clientes. É uma coisa automática, sem reflexão, sem a crítica pessoal! Fica bonito?! Pode ser que fique, até porque isto depende muito do gosto de cada um. Mas independente de ficar bonito ou não, aquilo não é arte, pois trata-se apenas na contínua reprodução de um modelo, não há autenticidade, não há exclusividade! E outra que beleza não é necessariamente arte! Comparar artesanato com arte é como equiparar as roupas da Riachuelo com as criações de um estilista!

    Não estou aqui criticando a maneira como eles ganham a vida, nem dizendo que não devem fazer aquilo apenas por não ser arte! Tem quem goste?! Tem quem compre?! Beleza, continue fazendo, mas ARTE aquilo não é!

    O Tema é espinhoso e certamente haverá opiniões contra, mas deixo aqui a minha opinião.

    Bjs e até a próxima postagem!

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  2. Concordo com a Ana e com o comentário.

    Acho que é por isso que as pessoas se espantam tanto com o preço de uma obra de arte, porque os milhões de artesanatos por aí são baratos e muitos deles, se a pessoa não tiver base cultural, vão parecer arte pra quem está comprando. Claro que o artesão chinfrim não vai ficar esclarecendo que ele faz aquilo até na hora do nº2 e quando um desavisado chama de arte ele balança a cabeça e completa: e não é caro viu, vai ficar lindo na sua casa...

    Pena, mas pena mesmo que consumir arte é pra poucos, pouquíssimos. Até a ópera Carmem em 3d quando passou ali no cinemark custou 50 reais, eu mesma não tinha no dia.

    Mas um dia a questão preço x acesso do público vai se ajeitar.
    Beijos

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